Literatura de Cordel
www.projetocordel.com.br
Bandeira da Paraíba
Monografia
Autor: Valentim Martins Quaresma Neto

Capa
    Dedicatória
    Sumário
    Apresentação
Capítulo I   Capítulo II   Capítulo III   Capítulo IV   Capítulo V   Anexos
APRESENTAÇÃO

                Na atualidade, quando nos referimos à educação é comum ouvirmos falar em autonomia, flexibilidade e interdisciplinaridade, mas as práticas educativas de sala de aula não estão sincronizadas com esse ideal teórico, pois ainda encontram-se arraigadas a dogmas, concepções e visões que impedem a escola de ser autônoma, flexível e desfragmentada.

                A educação escolar que temos foi sendo construída dessa forma durante séculos, sempre atendendo aos projetos políticos de dominação das classes privilegiadas sobre a grande massa trabalhadora. Só podemos pensar numa perspectiva de mudança radical do sistema educacional, se realizarmos uma espécie de Revolução Socialista e estabelecermos melhores condições de vida para as classes subalternas. A própria educação deve ser o canal disseminador desse ideal, algo que não é tarefa fácil de ser executada, pois sabemos que lutar por essa possibilidade é bater de frente com uma estrutura cultural antiga e forte. Reconhecer essa fortaleza para lutar contra a mesma, imbuídos do sentimento de liberdade e respeito pelo ser humano é o maior desafio encontrado por aqueles que verdadeiramente pensam, agem e almejam construir uma sociedade mais humana e menos egoísta.

                "Só um homem consciente de sua história pode lutar pelo que é seu" - Hélio de Melo. Ativar essa consciência na mentalidade de qualquer cidadão é tarefa da educação que ao nosso ver não está conseguindo firmar-se naquilo que lhe é peculiar. O presente trabalho tem como finalidade despertar a conscientização em todos aqueles envolvidos no processo ensino-aprendizagem, principalmente, mostrar que é na historicidade das pessoas simples, ou seja, na história dos trabalhadores que reside a construção de toda humanidade. É necessário que os mesmos possam dar conta da sua importância social e cultural, e assim, reconhecer e valorizar as raízes culturais no sentido de tornar-se agente transformador e abrir novos horizontes e perspectivas de uma vida mais digna.

                Como sabemos, a arte popular possui uma diversidade de conteúdos, temas e autores que julgamos não ser possível dar conta de toda essa amplitude em nosso estudo, por isso restringimo-nos a pesquisar, debater e opinar sobre o uso da literatura popular em sala de aula, nas escolas da região, no período correspondente aos últimos quatro anos, 1998/2001.

                Através dos debates, dos seminários e das aulas que ministramos sobre literatura popular escrita (Literatura de Cordel), oral (contos, relatos históricos, cantigas, etc.), constatamos que a mesma, apesar de não ser muito utilizada nas escolas, desperta a curiosidade e a discussão entre os estudantes sobre os mais variados assuntos educativos. A participação e o envolvimento, por parte dos alunos com as aulas, torna-se bem maior do que a habitual. Isso nos ofereceu o ânimo necessário para realizarmos o presente trabalho, visando apresentar alternativas e novas opções de ensino-aprendizagem.

                A memória coletiva popular expressa valores, acontecimentos, fatos e situações que são vivenciados e reelaborados quotidianamente pelos grupos sociais, constituindo assim, a identidade cultural dos mesmos.

                Partindo desse pressuposto, percebemos que a educação formal tem estado distante desses valores e acontecimentos na medida que privilegia os conteúdos de visão elitista dos livros didáticos, que em sua grande maioria, oferecem textos carregados da ideologia dominante sem nenhuma identificação com a realidade econômica social e histórica do povo. Essa postura unilateral e antidemocrática por parte da educação é uma das causas da falta de interesse dos nossos educandos pela escola, e ainda participa do processo de desvalorização das práticas culturais dos grupos sociais das várias regiões do país. Devemos perceber a importância de cada grupo social, com suas peculiaridades inerentes.

                Pautado nessas considerações o referido trabalho, visa deixar uma simples contribuição no sentido de apresentar sugestões que possam vislumbrar novas formas de ensino-aprendizagem, considerando o valor, e o espaço que as manifestações populares vêm ocupando nas escolas da região, com exclusividade no Ensino Fundamental, observando a possibilidade de tornar a arte popular mais presente na vida escolar. Valorizar a produção oral e escrita popular como algo fundamental na historicidade e na identidade cultural dos grupos sociais, é um desafio não só para os educadores, mas sim, para todos os membros de cada grupo social. Defendemos o direito que o povo tem de expressar o que vê, o que sente e o que sabe, independentemente da forma, se oral ou escrita, se popular ou erudita.

                Pretendemos, através deste trabalho, mostrar uma realidade e a partir desta empreender novas pesquisas e novos projetos no intuito de fazer valer a importância da espontaneidade e da liberdade de criar e de expressar o conhecimento comum, informal e, posteriormente, começarmos a explorar, também o estudo formal.

Topo