Literatura de Cordel
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Bandeira da Paraíba
Monografia
Autor: Valentim Martins Quaresma Neto

Capa
    Dedicatória
    Sumário
    Apresentação
Capítulo I   Capítulo II   Capítulo III   Capítulo IV   Capítulo V   Anexos

CAPÍTULO IV


4. NORDESTE: ESCOLA DE LITERATURA, MÚSICA E ORATÓRIA SACRA

                Poderíamos escolher vários nomes para representar cada uma das modalidades dessa escola, pois a cultura popular nordestina é tão vasta e rica de elementos pitorescos e de figuras folclóricas e representativas no cenário artístico brasileiro, para não dizer mundial, que nos dar esse privilégio. Mas, para efeito didático, escolhemos falar um pouco de cada face desse triângulo cultural, elegendo Patativa do Assaré como representante da literatura popular, Luís Gonzaga como lenda viva da música nordestina, e mesmo sem ter deixado sua obra escrita, Frei Damião de Bozzano que com seu discurso moralista e cristão, arrastou multidões Nordeste afora quando de suas pregações com sua oratória sacra. A literatura popular sempre versou sobre os grandes vultos da história do Brasil, e exclusivamente aqueles que tiveram como área de atuação o Nordeste seco e desprezado que serviu e continua servindo como base de sustentação política para muitos "líderes politiqueiros":

4.1 Patativa do Assaré

* "Antônio Gonçalves da Silva (Patativa do Assaré) nasceu a cinco de março de 1909 na Serra de Santana, pequena propriedade rural do município de Assaré, Ceará. Em 1910 perde a vista direita em conseqüência da doença conhecida por "dor d'olhos".

Órfão de pai aos oito anos, passa a trabalhar, ao lado do irmão mais velho, para sustentar os mais novos. Aos doze anos, o garoto Sinhozinho, como era chamado na família, freqüenta uma escola rural. Estuda apenas por 6 meses, mas procura ler sempre que seu trabalho permite.

Em 1922, começa a fazer versos.

Aos 16 anos ganha uma viola da mãe, e diz: "Cantava por esporte, a pedido dos amigos. Cantei com os mais famosos cantadores do Nordeste, mas não quis fazer profissão. Nunca deixei a agricultura."

Aos 20 anos, em 1929, já considerado um cantador e tocador de viola autêntico, Antônio Gonçalves da Silva vai ao Pará. Em Belém, conhece o folclorista cearense José Carvalho de Brito, que lhe deu o nome artístico de "Patativa do Assaré", justificando que a espontaneidade de sua poesia tinha semelhança com o canto sonoro da patativa. A partir daí, passou a ser conhecido por Patativa do Assaré.

Em 1930 retorna a Serra de Santana, recomeça sua vida de roceiro, porém sempre fazendo versos. Somente a partir de 1955 vem ao grande público nordestino a obra poética do poeta cearense, com a publicação do primeiro livro: "Inspiração Nordestina".

O poema "A Triste Partida", também musicado por Patativa do Assaré, na interpretação de Luís Gonzaga, o sertanejo de Exu, alcança grande sucesso em 1962, e torna-se hino do retirante nordestino.

Em 1978 é lançado nacionalmente o livro "Cante lá que eu canto cá", e toda a imprensa brasileira o elogia, como um marco na história da cultura popular.

Elogiado e admirado em todo o Brasil, Patativa do Assaré recebe inúmeras homenagens.

1981 - O cantor Raimundo Fagner produz o disco mais vendido de Patativa do Assaré, "A Terra é Naturá".

1982 - Recebe o título de "Amigo da Cultura".

1983 - Recebe o título de Cidadão Fortalezense, agradecendo a homenagem em versos.

1984 - Inaugurado em Assaré um Centro Popular, reunindo acervo sobre Patativa e suas obras.

1986 - Recebe a "Medalha da Abolição", maior comenda do Ceará.

1989 - Em Assaré, o governador do Estado, Tasso Jereissati, assina decreto denominando "Rodovia Patativa do Assaré" a estrada que liga Assaré a Antonina do Norte.

1989 - Recebe o título de "Doutor Honoris Causa" da Universidade Regional do Cariri.

1995 - Lançado o livro e CD: "Patativa do Assaré, 85 anos de poesia", com a presença do Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso e do Governador do Ceará, Tasso Jereissati, no Teatro José de Alencar, Fortaleza.

ALGUMAS OBRAS: Inspiração Nordestina (1955); Cante lá que eu canto cá (1978); Espinho e Fulô (1988); Edição completa das Obras de Patativa em Cordel (1991); Aqui tem coisa (1994).

"Patativa do Assaré" é aclamado, de modo unânime, como o grande nome da poesia dita popular de todos os tempos. Nele vida e obra se fundem."

* Carvalho (1994).

                No prefácio do livro "Espinho e Fulô" 1988:2 Rosemberg Cariri faz alguns questionamentos, um dos quais é: - "Qual o nordestino que não conhece versos de Patativa do Assaré?" Analisando a questão de acordo com uma pesquisa realizada em várias escolas da região e com a comunidade, concluímos que poucos estudantes conhecem e lêem o grande mestre da Literatura Popular cearense e nordestina. Verificamos através do estudo realizado que boa parte da população realmente ouviu falar vagamente de um velhinho que faz versos e é cantador de viola, mas poucos conhecem a produção literária social e cristã do mestre da poesia popular que nos orgulha tanto.

                Patativa do Assaré, assim como Ariano Suassuna é estudado no exterior. Sua obra é objeto de pesquisa e dissertação de mestrado para vários estrangeiros e também para alguns brasileiros, mas o verdadeiro significado de sua produção literária e artística não é explorado nas escolas brasileiras e com exclusividade nas unidades educacionais do Nordeste, uma vez que, não verificamos, de acordo com a pesquisa que realizamos, a preocupação das escolas em enquadrar nos currículos, ou em atividades extra curriculares algo sobre a literatura popular e sobre o Patativa. O mestre da Serra de Santana conhece a alma nordestina como ninguém, possui uma capacidade grandiosa de versejar e nenhum poeta retratou em sua poesia e continua retratando o sertão seco com tamanha perfeição e verdade. Notamos também a ausência de conteúdos voltados para a cultura nordestina num estudo que realizamos com todos os livros didáticos aprovados pelo MEC para o triênio dois mil e dois a dois mil e quatro, raros foram aqueles que enquadraram em seus conteúdos, algo que caracteriza a arte popular e a cultura das massas.

                É lamentável que a grande maioria dos nossos estudantes estejam alheios a esse patrimônio cultural e de sabedoria que vai do informal ao formal que é a poesia do Patativa, principalmente no que se refere a politização. Patativa do Assaré esteve sempre presente nas horas das grandes lutas sociais, e sua poesia é a voz matuta clamando por justiça, é o grito sertanejo pela reforma agrária, é a saga dos desamparados, dos discriminados raciais e socialmente, é o lamento daqueles que deixam sua terra natal por falta de perspectivas, enfim, dos menos favorecidos. Talvez não seja mais badalado na grande mídia porque nunca se deixou ser contaminado pelo vírus da hipocrisia, pelo acúmulo do capital e do consumismo. Ao contrário, muitos artistas inescrupulosos usaram o saber, a inteligência, a melodia dos versos sertanejos do poeta Patativa para faturarem milhões de dólares e depois não lhe repassarem os direitos autorais de suas obras, mas o mestre continua sua jornada de produzir a poesia que melhor representa o homem sertanejo em suas tristezas e alegrias, sofrimentos e conquistas e a terra sertaneja com sua maneira peculiar, seus longos e tristes períodos de seca e dóceis momentos chuvosos, onde a vida surge da morte em cada recanto.

                Sua vida simples no sertão, sua poesia engajada, sua coragem de falar das coisas erradas fizeram do Patativa uma figura muito singular, um cidadão mais atuante e mais importante para a formação e educação das massas do que todos os Ministros da Educação juntos que o Brasil já teve.

                Se o Patativa faz versos educativos por amor as letras e a sabedoria, os que comandaram a educação do nosso país até hoje, percebendo altos salários, sem falar nas falcatruas e nos planos mirabolantes, conseguiram deixar de fora dos bancos escolares uma quantidade de brasileiros e especialmente nordestinos que nada justifica tamanha improbidade e falta de respeito para com um povo, para com uma nação.

                O mestre Patativa nos ensina em sua trajetória de vida e de arte a não ficarmos calados diante de problemas que dizem respeito às questões sociais. É necessário ter a coragem de exigir melhores condições de vida e de educação para o povo, é preciso saber dizer sim ao que vem dando certo e não ao que contraria os interesses populares. A participação do povo nas administrações públicas dar-se quando esse começa a fiscalizar e a responsabilizar os governantes pelos serviços que não foram executados. Isso só acontece a partir de uma conscientização coletiva. E as autoridades que planejam a educação para nosso país sempre estiveram cientes do perigo que representa alguém que se reconhece sujeito de sua história, de sua cultura, de seu papel como cidadão.

                O cunho social da obra de Patativa, com sua simplicidade, indica caminhos para a transformação, instiga o homem sertanejo a cumprir deveres e a procurar direitos cidadãos, através dos seus versos, almeja mais solidariedade e mais politização para o homem nordestino, constituindo-se numa grande lição de humanização e de respeito à vida. Estudar a grandeza de sua obra, percebendo os valores cristãos e éticos é essencial para uma formação humanitária e cidadã. A instituição escola, deve reconhecer isso o quanto antes e implantar nos currículos e PDEs uma vasta programação envolvendo o estudo dessas maravilhosas grandezas culturais que são o Patativa e a literatura popular.

*4.2 Luís Gonzaga



O grande intérprete da alma sertaneja que cantou velhos e noviços, Luís Gonzaga do Nascimento nasceu no dia 13/12/1912, na Fazenda Caiçara a 18 Km de distância da cidade de Exu - PE. Filho de José Januário do Nascimento e Ana Batista de Jesus. Passou sua infância na Fazenda onde nasceu.



1930 - Ingressa no Serviço Militar obrigatório, na cidade de Fortaleza - CE. No período em que estava no Exército, andou por quase todo o Brasil, comprou uma sanfona e conheceu Dominguinhos Ambrósio que entendia um pouco de música e transmitiu esse conhecimento para Luís Gonzaga.

1939 - É dispensado do Serviço Militar e viaja para o Rio de Janeiro, onde tocava para os transeuntes nas ruas e bares e passava o pires para recolher.

1941 - Assinou seu primeiro contrato com a gravadora RCA VICTOR - hoje BMX, apenas como acompanhante e a primeira pessoa que ele acompanhou foi Genésio Arruda numa gravação.

14 de março de 1941, como solista, Luís Gonzaga lançou duas músicas: Mazurca e Véspera de São João; duas valsas: Numa Serenata e Saudade de São João Del Rei e o chamego Vira e Mexe.

1942 - Lançou 70 discos, vale lembrar, que os disco naquela época comportavam apenas duas faixas de 78 rotações cada em RBM.

1945 a 1956 - Auge do Baião, momento mais importante da carreira de Luís Gonzaga.

1951 - Sofreu um acidente automobilístico grave, na estrada que liga Minas Gerais ao Rio de Janeiro que lhe causou problemas no olho direito.

1953 - Recebeu a Coroa de Rei do Baião.

1954 - Casou-se com a pernambucana Helena das Neves.

Além do seu contrato com a RCA, ele passou apenas um ano, já no final de sua carreira, na gravadora Copacabana.

Juntamente com seus principais compositores: Humberto Teixeira e Zé Dantas, Luís Gonzaga fez cerca de 600 composições.

Lua, apelido botado pelo ator Paulo Gracindo, partiu deixando um imenso vazio no dia dois de agosto de 1989.
* Texto do Historiador e Jornalista José Maria da Silva Gomes - Lavras da Mangabeira - CE.

"A gente nordestina é a mais musical das que constituem o povo brasileiro por sua forma de versejar, e expressar-se musicalmente, basta conhecermos as diversas formas de versificação dos violeiros nordestinos - a sextilha, o quadrão, o mourão, o martelo, o galope à beira mar, além do coco e da riqueza instrumental do frevo, a singeleza das cirandas, a energia dos aboios dos vaqueiros e a força rítmica do maracatu". (CEARÁ, 1997).


                Todos esses sons, ritmos e danças foram reinventados, adaptados de acordo com uma realidade social, uma exclusividade, um jeito particular de ser do homem do Nordeste. E Luís Gonzaga, como nenhum outro, soube expressar essa particularidade nordestina através da música, interpretando a alma do jagunço, do vaqueiro, do trabalhador da roça. Cantou e difundiu a tradição nordestina do jeito mais original possível.

                A história musical do Nordeste tem nesse artista, sua expressão maior, por ser aquele que além de difundi-la em outras regiões do Brasil, soube mesclar os ritmos e os sons com muita propriedade.

                Seu jeito caboclo, seu gogó de ouro, seu traje sertanejo com o famoso chapéu de couro, mostrou para o mundo inteiro o tipo do homem nordestino, que apesar de viver numa realidade triste e brutal, encontra forças para ser alegre, principalmente, quando sua sensibilidade é tocada através de ritmos e sons que retratam sua terra.

                A música de Luís Gonzaga, entrelaçada com a poesia popular do Patativa do Assaré, em "Triste Partida" é a representação mais fiel daquilo que o nordestino retirante sente quando é expulso do seu rincão pela seca. Só mesmo quem viveu e vive essa triste experiência até os dias de hoje é quem pode falar sobre a mesma, com profundo conhecimento de causa. O Rei do Baião também migrou do Nordeste para o Sudeste e sentiu a dor de deixar sua terra natal, que apesar de apresentar tantas dificuldades, para os verdadeiros filhos do sertão não há outro lugar igual.

                "Vozes da Seca" de Luís Gonzaga e Zé Dantas, continua valendo por mil discursos demagogos, principalmente na atualidade, pois cada dia que passa a classe política nos envergonha cada vez mais. Classe esta que prega o paliativo nas horas de dificuldades, que é aceito como esmola pela população sofrida e, por conseguinte, deixando-a sem dignidade. Quando todos nós sabemos que é possível tomar medidas governamentais no sentido de ajudar definitivamente ao povo nordestino a conviver com a seca, sem necessitar dos famigerados planos de emergência quando dos períodos de estiagem.

                Não desmerecendo os novos valores do gênero, Luís Gonzaga não deixou substituto, pois, os valores são outros, a mentalidade da população é outra. Não se faz ou se escreve música com a intenção de politizar, de falar das raízes, retratar nossa realidade como outrora. Hoje a maioria das músicas é dirigida a um público que não questiona a mensagem, basta que o número musical impressione pelas batidas sonoras e fale de erotismo, é o suficiente para vender milhões de cópias. O objetivo é simplesmente comercial e a mídia encarrega-se de incutir na cabeça do povo essa deseducação, ao passo que a verdadeira educação, que pode tornar a massa trabalhadora mais humana e participativa nas decisões políticas para exercer melhor sua cidadania, não tem nenhuma importância, salvo honrosas exceções.

                O não surgimento de outra voz sertaneja como a de Gonzagão, é um sinal de que as tradições estão bastante abaladas e tendem a tornar-se cada vez menos importante se a educação não tomar a iniciativa de incrementar projetos ambiciosos que possam sair do papel e dispensar esforços para uma nova forma de encarar a realidade cultural e social que nos cerca.

                Diferente da melodia de Luís Gonzaga que deixa sempre uma mensagem a ser questionada, uma imagem a ser apreciada pelos intelectuais e pelos humildes e semiletrados desse Nordeste sofrido e do Brasil inteiro, a música produzida atualmente (que tem espaço na mídia e que faz "sucesso") não contribui de forma alguma para o crescimento intelectual do povo, infelizmente, incorpora valores como a banalização da vida e do corpo.

                Basta observarmos, sentirmos e estudarmos os sons e ritmos do nordeste, para notarmos que não necessitamos importar música de nenhuma parte do planeta, pois a nossa é de uma diversidade e de uma beleza extraordinárias, em todos os sentidos.

                É necessário que as escolas valorizem e incorporem em seus currículos, aulas de música, e acrescentem que partes dessas aulas sejam com o estudo da música regional para que, na prática, possamos valorizá-la com mais eficácia.

                Não podemos exigir o surgimento de músicos equilibrados como o saudoso Luís Gonzaga, enquanto a educação, não incluir a música como uma das prioridades, porque ela é um elemento que diverte, provoca uma sensação de bem-estar e de prazer. A escola, como sabemos, é séria, de cara fechada, triste por excelência, punitiva e forma cidadãos passivos. Desta forma, jamais irá tornar as pessoas participativas e sujeitas do processo histórico e social que necessitamos tanto.

4.3 *Frei Damião
               

"Pio Giannotte",   (Frei Damião)
nasceu no dia 5 de novembro   de
1898  em  Bozzano,   pequeno vilarejo
a   450  km   de   Roma   -   Itália.   Filho dos
camponeses Felix Giannotte e Maria Giannotte.







1910 - foi matriculado na escola Seráflica de Camigliano, onde demonstrou assiduidade e piedade cristãs.

1914 - ingressou na ordem dos Capuchinhos, no convento de Vila Basílica.

1917 - Pio Giannotte foi retirado do convívio religioso com seus irmãos capuchinhos, por ter sido convocado para servir ao Exército e presenciou nesse período as agruras causadas pela Primeira Guerra Mundial.

1920 - é dispensado do serviço militar e retorna ao seu Convento de origem.

1923 - com 25 anos de idade foi ordenado sacerdote em Roma, no dia 05 de agosto. Ainda no mesmo ano ingressou no Colégio Internacional, onde cursou Teologia, Filosofia, Direito Canônico. Concluídos estes estudos matriculou-se na Universidade Gregoriana e doutorou-se em Teologia Dogmática.

1925 - voltou ao Convento de Vila Basílica para assumir o cargo de vice-mestre de noviços.

1931 - foi designado pelos capuchinhos para a custódia de Pernambuco. Ficou hospedado na Basílica de Nossa Senhora da Penha e adotou o nome de "Frei Damião", ao qual juntou o designativo de sua vila natal "Bozzano".

1940 - Frei Damião intensificou suas andanças pelo interior do Nordeste, promovendo missões e pregando o evangelho. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), Frei Damião perseguiu suas missões, mas com a entrada do Brasil nos combates, foi impedido de realizar missões em virtude de sua origem italiana, sendo obrigado a ficar recluso em um convento em Maceió até 1945.

1945 - Hei-lo de novo nas estradas do Nordeste na ação missionária. Mais de 800 lugares foram visitados, utilizando-se dos meios de transportes mais diversos e nem sempre confortáveis - desde burros a automóveis.

1991 - Frei Damião teve o seu primeiro internamento grave, tendo sido internado posteriormente em várias ocasiões.

1997 - O frade morreu em Recife, após vários dias em estado de coma profundo. "
(*Braga, 1997:10-14).


                Ao ler vários compêndios que tratam da literatura popular nordestina podemos observar que existe uma ilimitada produção de cordel, de poesia, reportagens e até mesmo, de textos em prosa referente à vida e à obra social de Frei Damião de Bozanno, pois, o mesmo foi uma das figuras mais veneradas e respeitadas pelos nordestinos, nos últimos tempos quando em vida e ainda hoje merece o respeito de todos por ter sido, a exemplo do Padre Cícero, um dos gigantes da romaria.

                Não nos convém tratar, no presente trabalho da natureza ou da classificação da produção oral deixada pelo frade capuchinho, nosso objetivo é registrar o interesse dos poetas, dos cronistas em geral, dos trovadores de versejarem ou escreverem sobre o frade missionário. É inegável que a cultura popular é povo. E como o Frei Damião dedicou toda sua vida a catequese das massas, foi notadamente por essa razão que muitos artistas populares registraram e continuam registrando os feitos da vida e da obra de Frei Damião. Alguns políticos sutis o procuraram com o intuito exclusivo de angariar votos e prestígio político.

                Aproximaram-se do frade capuchinho, vendo a fragilidade do nosso povo de acreditar que todos eles eram também pessoas de bem e de confiança, e assim o frade ajudou a eleger muitos políticos sem escrúpulos, mas por culpa do povo nordestino e brasileiro que ainda hoje, não está consciente do seu papel como cidadão e por conseguinte, não diferencia sinceridade de demagogia, amigo de aproveitador, enfim, político de politiqueiro.

                Frei Damião deve ter, também carregado consigo essa parcela de culpa de tolerar uma larva de safados que não desejavam e não desejam nenhum bem-estar para o povo. Mas isso não tira seu brilho e sua grandeza, na verdade, ele esteve durante quase toda sua existência no meio dos pobres difundindo e defendendo os valores do seu tempo com sinceridade e uma responsabilidade sem igual.

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