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A Lenda do Beija-flor


A Lenda do Beija-flor



Autor: Francisco Diniz



Havia duas aldeias,
À beira d’um rio moravam
U’a maior, outra menor,
Tudo que elas precisavam
A mata lhes fornecia,
O mundo era alegria
Muito bem elas se davam.

A aldeia que era menor
Com muito afinco plantava,
Com dedicação também
Muito mais peixe pescava,
Tinha maior abundância
De alimento com constância
E isso inveja despertava

Na outra aldeia, a maior,
Que passou a hostilizar
Os seus vizinhos, primeiro
Com um baixo palavrear
E logo depois com gestos,
Por fim optam os imodestos
Uma guerra declarar

Contra aqueles indígenas,
Que mesmo em número menor
Trabalhavam muito mais,
O produzido, melhor
E também eram valentes,
Muito mais eficientes
Que a aldeia maior,

Alheios a essa guerra
Dois jovens se enamoravam,
Cada um de uma aldeia
E escondidos ficavam
Numa história de amor
Mesmo vendo o terror
Da guerra que os cercavam.

Pertencia o jovem rapaz
À aldeia bem menor,
Enquanto a moça era
Filha da aldeia maior,
Um dia alguns guerreiros
Agindo tal justiceiros
Fizeram coisa pior,

Ou seja, seguiram à moça
E o namoro descobriram
Espancaram o rapaz,
Até quando deduziram
Que era o fim do desconforto,
Que o jovem estava morto
E com a jovem seguiram…

De volta a sua aldeia
Para enfrentar julgamento
No Conselho de Anciãos,
Era um grande tormento
Porque a acusação
Tratava de traição,
Embora sem fundamento.

Alegava a acusação
Que a pobre jovem passava
Segredos pra outra aldeia
E logo sentenciava
Que ela devia morrer,
Mas por jovem e bela ser
O Conselho anunciava:

Convoquem todos Xamãs
Pra decisão se tomar,
Os Xamãs então, acharam
Que era melhor transformar
A moça em uma flor
Para exalar belo odor
E o mundo enfeitar.

A título de informação,
Em certos povos, culturas,
Xamãs são os curandeiros,
Que em rituais de curas
Têm forças especiais
Que são sobrenaturais
E que curam amarguras.

São como mago, pajé
E até mesmo feiticeiro,
Fazem adivinhação
Durante o dia inteiro,
Realizam encantamentos
E em todos os momentos
Falam do amor verdadeiro.

Por seus guerreiros, o jovem
Rapaz fora socorrido,
Resistiu ao espancamento,
Por pouco havia morrido,
Quando se recuperou
O seu amor procurou
Como alguém destemido.

Ele chamou os anciãos
Da sua aldeia e falou
Que iria à outra aldeia
Atrás de quem mais amou,
Os anciãos não deixaram,
De toda forma tentaram
Evitar o que ele pensou.

Dizendo que em sua aldeia
Moças lindas existiam
Pra se casarem com ele
E certamente podiam
Ter filhos fortes, saudáveis
Além de muito agradáveis,
Pois facilmente sorriam.

Porém o jovem rapaz
Irredutível estava,
Os anciãos vendo que
Ele triste ali ficava,
Decidiram então chamar
Os Xamãs pra se buscar
Solução que precisava.

Depois de muito pensar,
Sabendo que a jovem amada
Fora transformada em flor
A decisão foi tomada:
Transformaram o rapaz
Em um beija-flor fugaz
E a lenda assim foi criada.

Por isso que o beija-flor
Vai de flor em flor pousando,
Tentando achar sua amada,
O perfume procurando,
Segue então, o seu destino
Em cenário campesino
E o amor exalando.

OBS.: Este cordel foi encomendado em outubro de 2022 por Li Fernandes e feito a partir da lenda do beija-flor para ser encenado num espetáculo de teatro no Rio de Janeiro. Veja o texto em prosa aqui: pacto.mec.gov.br/

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