www.projetocordel.com.br
Cordel dos Donos da Terra

CORDEL DOS DONOS DA TERRA

Autor: Francisco Diniz



Ouça o canto das matas,
A orquestra de passarinhos
E o gorjear das aves
Quando chegam aos seus ninhos,
O bramar da onça-pintada,
Quando está numa caçada
Correndo sobre os espinhos...

Os macacos assobiam,
Estridulam os insetos,
As araras sempre grasnam
Com seus pares prediletos,
Respingam as cachoeiras
Bem longe das ribanceiras
Dos rios que vivem quietos.

E ao longe, mata a dentro
O guizo a chacoalhar
Nas mãos de um povo nu
No terreiro a dançar,
Celebrando a existência
Sempre na mesma cadência,
Um toré ou jacundá.

E isso vara a noite
Sob a luz de uma fogueira,
O sorriso é costume
Dessa nação que é guerreira
E protetora dos rios,
Das matas, mares bravios,
Da fauna e da brincadeira...

De corrida pra caçar,
De tomar banho no rio,
De expressar a alegria,
De comer fruto sadio,
De cantar só por cantar,
De numa rede deitar
Para escapar do frio

Ou só para descansar
Ouvindo história bonita
Que alguém vai lhe contar
E a criança acredita
Que todo o seu poder
Ocorre quando o saber
Do mais velho ela imita:

Ao caçar o alimento
Numa floresta fechada,
Ao pescar em águas doces
Ou mesmo em água salgada,
Porém nunca poluídas,
Exploradas, destruídas
Pela ganância malvada.

Colhe um fruto e cuida doutro,
Vive para alimentar
O seu filho ou qualquer um
E também pra cultivar
A Lua, o Deus Tupã,
Ou Deus Sol com o afã
De o mal afugentar

Pra que o vento seja brando,
Que o trovão seja pequeno,
Que a chuva esperança,
O nevoeiro sereno,
Relâmpago a inspirar
História pra se contar
Da cobra que tem veneno,

Mas da planta que é cura
Que só o sábio conhece,
Da árvore que gera tinta
E bela cor oferece
Para o corpo pintar,
Proteger, ornamentar
E a beleza enaltece.

A liberdade é tamanha,
A mulher é respeitada,
A criança sempre é
Querida, idolatrada
E jamais será ferida,
Ameaçada, agredida,
Ao contrário, só amada.

E estes povos bonitos,
Meigos e que partilhavam
Doçura e tradição
De repente enfrentavam
Estúpidos exploradores,
Mercenários, invasores
Que em suas terras entravam.

OBS.: Este cordel foi encomendado em outubro de 2022 por Li Fernandes para um espetáculo de teatro no Rio de Janeiro.


www.projetocordel.com.br

Cadastre-se e leia os cordéis na íntegra.   Esqueceu a senha?     Login     Todos os Cordéis     Lançamentos


Início       A Arte de Leontino Quirino      Autores      Banco de Rimas      Bibliografia      Capoeirarte      Cds      Como Escrever um Cordel      Comprar Aqui      Conte sua história em cordel      Cordéis de Francisco Diniz      Cordéis de Valentim Quaresma      Currículo Cultural      Educação Física      Entrevistas      Fotografias      História      Kit de 20 cordéis para escolas      Lançamentos      Livro de Visitas      Loja Virtual      Matérias      Mensagens      Monografias      O patriarca do cordel      O que é cordel?      PHC em Cordel       Player de música       Projetos      Projeto Pé de Serra      Rima é som      Tenda do Cordel      Textos      Vídeos      Xilogravura

Feito com Mobirise - Sistemas: Francisco Diniz.  Adaptado de Cesar Szpak Celke e de NodeStudio


SiteLock